Vendas diretas para driblar o desemprego: empreendedores falam do sucesso alcançado

0

A falta de emprego somada à pandemia de coronavírus tem levado os brasileiros a se virarem como podem para garantir uma renda que dê para pagar algumas contas e sobreviver. Em todo o país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego atingiu 14,9 milhões de pessoas no trimestre encerrado em janeiro. A pesquisa aponta ainda que o Estado do Rio chegou a 1,5 milhão de pessoas sem emprego. Diante desse cenário, o setor de vendas diretas é uma alternativa. E, com o avanço das redes sociais, o que era de um para um virou de um para milhões, o que favorece os negócios.

O segmento ultrapassou o número de 400 mil empreendedores independentes no Rio, 10,3% a mais na comparação anual, segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), que representa empresas como Natura, Avon, Herbalife, Mary Kay, Tupperware.

 

— A venda direta é uma ótima oportunidade para empreender ou complementar renda, especialmente nesse período financeiro complicado — avalia Adriana Colloca, presidente da associação.

O público feminino responde por boa parte dos negócios.

— Com o desemprego em alta, parte da população, principalmente a feminina, resolveu aderir a esse mercado — explica Fernando Lobo, executivo da Nutrab, empresa de pesquisa e consultoria.

Produtos mais vendidos

Apesar de 74% das vendas diretas no Brasil serem de cosméticos, produtos de cuidados especiais, roupas e acessórios, outros segmentos como gastronomia, roupas íntimas e sex shop apostaram nesse nicho.

Desempregada, Amanda Santos, de 30 anos, moradora do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, investiu em peças como calcinhas de renda, sutiãs, ligas, camisolas ousadas e outros apetrechos para esquentar o clima.

— Não vendo só pela internet. Uma cliente indica para a outra, me incluem em grupos de WhatsApp, peço para curtirem o perfil no Instagram, e as vendas acontecem — conta.

Ela diz que o carro-chefe são as lingeries, mas outros produtos acabam entrando na caixa, que é entregue com discrição no endereço do comprador:

— As vendas caíram um pouco por causa da pandemia, mas com a proximidade do Dia dos Namorados, a tendência é que a procura aumente. Os maridos e os namorados sempre escolhem lingerie para presentear. A dificuldade é saberem o número.

Confira o perfil https://instagram.com/caixadapeta?igshid=uni79ljgxol0.

Dificuldades de reinserção

Desempregada desde fevereiro de 2020, a administradora Juliana Muniz, de 36 anos, moradora de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, tem encontrado dificuldade para se recolocar no mercado de trabalho. Ela avalia que a junção de fatores — o fato de morar longe e a pandemia — tem dificultado sua contratação.

Juliana é mãe de uma menina especial de 6 anos e é mais uma na imensa fila do INSS desde 13 de outubro de 2020. A resposta sobre o deferimento ou não do pedido de Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas) a que a filha tem direito continua em análise. Qual a alternativa que lhe resta? A venda direta.

— É uma forma de vender sem ter que investir, já que não tenho capital. Então, posso expor os produtos nas redes sociais e comprar apenas o que for encomendado — explica.

As roupas que ela vende podem ser vistas no Instagram (https://www.instagram.com/hope.vestindocomexcelencia/); os produtos da Natura pela web, na página https://www.natura.com.br/consultoria/jumuniz.

As roupas que Juliana vende podem ser vistas no Instagram
As roupas que Juliana vende podem ser vistas no Instagram Foto: Arquivo pessoal

A agente de viagem Janna Souza, moradora da Penha Circular, na Zona Norte, viu o emprego ir embora com a pandemia. Foi quando começou a ter crise de ansiedade, e ela precisou fazer tratamento médico:

— Com a culinária, consegui que o tratamento fosse finalizado com sucesso. Acabei conquistando clientes, levando os produtos que fazia a festas, reuniões… Foi então que resolvi me aprofundar, buscando novas receitas e me aperfeiçoando.

Ela expõe os produtos no Instagram e em perfis no Facebook em grupos de vendas e de bairros, além de fazer a divulgação o negócio via WhatsApp.

— No início da pandemia até os meses de setembro e outubro, as vendas eram muito boas, após a reabertura do comércio, senti uma caída, o que me fez mudar um pouco o cardápio para alguns produtos diferenciados — conta.

Confira a produção da Benditta Cozinha no Instagram, em @benditta.cozinha.

Janna Souza expõe os produtos no Instagram e no Facebook
Janna Souza expõe os produtos no Instagram e no Facebook

Renda de até R$ 3.135

Em pesquisa feita pela ABEVD em março de 2020, sobre o perfil dos empreendedores independentes de vendas diretas, constatou-se que 52% revendem produtos do ramo de cosméticos e cuidados pessoais, e 22% do segmento de roupas e acessórios.

O levantamento também mostrou que 58% são sexo feminino, e 51% da força de vendas tem rendimento familiar de até R$ 3.135. A renda proveniente da venda direta representa, em média, 31,3% do orçamento familiar.]

A atividade oferece oportunidades para todos, saqueles com nível universitário — parcela crescente — até os têm menos estudo. Hoje, 31,5% já completaram o ensino superior, e alguns são pós-graduados. O modelo também oferece oportunidades a todas as faixas etárias: a média de idade é de 31,9 anos.

Saiba mais

Revendedores de empresas

Nem todo mundo tem uma ideia própria de negócio na qual possa investir, empreender. Mas é possível trabalhar com venda direta, sendo revendedor de uma marca famosa. Confira como dar os primeiros passos.

Como se inscrever

No site da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas, é possível acessar todas as empresas que fazem parte do quadro de associados e fazer o cadastro. O endereço é link https://www.abevd.org.br/empresas-associadas/.

Capacitação

As empresas — dos ramos de acessórios e vestuário, comésticos, nutrição e utensílios, entre outros — oferecem treinamentos constantes para os empreendedores, não somente sobre os produtos, mas, também, sobre finanças, produção de conteúdo para divulgação, dicas de vendas, e passo a passo de como proceder para se sair bem na nova empreitada.

Empresas associadas

Entre as empresas filiadas à ABEVD que oferecem oportunidades para novos revendedores estão marcas como Avon, De Millus, Amway, Natura, Tupperware, Jafra, Jequiti, Mary Kay, Jeunesse, Yakult, Profit e Mahogany.