MS teve mais 20 estupros de menores em janeiro; saiba como identificar o abusador

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O mês de janeiro foi complicado para quem acompanhou de perto as notícias no Mato Grosso do Sul, já que entre os dias 1° e 31 foram aproximadamente 25 estupros de crianças e adolescentes noticiados pelo Jornal Midiamax, conforme levantamento rápido feito nos nossos arquivos. Na maioria dos casos, o abusador estava dentro de casa ou era muito próximo do menor, o que deixa nós, pais e mães, ainda mais preocupados.

Infelizmente, o número dos estupros de vulneráveis pode ser ainda maior, já que nem sempre os casos são denunciados ou chegam ao conhecimento da família depois de muitos anos, ou até mesmo os próprios responsáveis pela criança e adolescente são os abusadores, o que impede que o crime chegue até a polícia, como foi o caso da menina de 7 anos estuprada pelo pai com ajuda da mãe, no bairro Tijuca, em Campo Grande.

O caso veio à tona na primeira quinzena de janeiro após uma testemunha acionar a polícia e o Conselho Tutelar porque teria recebido um vídeo do genitor cometendo o estupro com a ajuda da mãe que segurava a criança.

Como já dito, infelizmente na maioria dos casos de abuso sexual infantil, o abusador é alguém que faz parte do convívio da criança e adolescente. E, pior ainda, é alguém da família que tenha um certo poder sobre a vítima, seja psicológico ou físico, conforme o Guia de Referência da Childhood Brasil.Lógico que existe também o abusador fora do âmbito familiar, mas ainda assim costuma ser alguém conhecido da criança e com quem ela tem uma relação de confiança como o caso do obreiro que além de abusar de um menino de 11 anos, fazia ameaça e filmava as relações sexuais, também em Campo Grande. Os estupros começaram quando ele tinha 4 anos e foram ficando recorrentes nos últimos 3.

Casos chocantes e difíceis de assimilar, principalmente quando se tem filhos, sobrinhos e/ ou irmãos menores em casa. São notícias que deixam o dia pesado e uma sensação de desesperança no ser humano.

Por essa razão e para que os casos diminuam é importante falarmos sobre o assunto, trazer à tona e não se omitir em quaisquer casos suspeitos.

Consequências do estupro

O abuso sexual ou estupro, deixa marcas profundas na vida da criança e do adolescente, que vai viver com a sequela do crime para o resto de sua vida, gerando problemas de relacionamento e até de comportamento como uso de entorpecentes, medicamentos, comportamento agressivo e depressão.

Conforme o site Child Fund Brasil, a vítima de violação sexual, pode ainda apresentar sentimentos confusos e, nem sempre, a criança consegue compreender o que está acontecendo no momento, se dando conta da situação apenas depois, quando a agressão é processada.

Por isso é comum que as crianças e adolescentes abusados desenvolvam sentimentos como: medos que pareçam sem fundamento, culpa, visão distorcida da imagem corporal e dificuldades para estabelecer vínculo de confiança.

Como prevenir?

Embora o estupro de crianças seja um assunto complicado e difícil de ser abordado é de extrema importância falar sobre, afinal, infelizmente, é algo frequente em muitos lares brasileiros e que traz consequências muito cruéis para a vítima.

A atuação de pais, avós, tios, irmãos ou qualquer outro adulto responsável pela criança é de suma importância para que a prevenção aconteça. Entre as dicas da Child Fund Brasil estão:

Conversar com a criança sobre seu corpo: As crianças precisam saber nomear corretamente as partes do corpo e identificar o que é íntimo. Dessa forma elas conseguirão relatar, mesmo que a maneira delas, quando algo fora do comum acontecer.  Não dê apelidos, ensine o nome correto de todas as partes do corpo e explique sobre as partes íntimas, ensinando que ninguém poderá tocar nessas regiões e nem vê-las, apenas os pais quando forem dar banho ou trocar de roupa.

Explicar sobre os limites do corpo:  Depois de ensinar sobre as partes íntimas, explicar para a criança que deve tocar ou pedir que ela toque é importante, além disso alertar a criança para possíveis ‘chantagens’ usadas pelos abusadores, como trocar carícias por doces, oferecer presentes, entre outras coisas.

Incentivar a criança a conversar com você: A criança precisa se sentir segura e viver uma relação de confiança com o responsável para contar qualquer coisa, inclusive um possível abuso, já que na maioria dos casos, os abusadores pedem que mantenham em segredo, seja ameaçando-a ou de maneiras lúdicas. Ensine para a criança que segredos não são coisas boas e deixe claro que ele sempre poderá contar com você.

Saiba com quem seu filho anda e o que ele está fazendo: Infelizmente, na nossa realidade atual, muitos pais não conseguem acompanhar de perto a rotina dos filhos, mas é preciso lembrar que muitos estupros acontecem quando a criança passa um tempo sozinha com um adulto, que pode ser ou não, do seu convívio. Por isso, é importante saber o que seu filho está fazendo mesmo na sua ausência. Se for inevitável deixo sozinho com alguém, tenha mecanismos que permitam vigiá-los, para saber se está tudo tranquilo. Conheça o adulto, especule, pergunte, questione. Saiba quem são os amigos.

Analisar a reação da criança: sempre analise a reação da criança. Se ela demonstra não ter afeição por alguém próximo, que ela teoricamente deveria desenvolver afeto, tente entender o motivo.

Como identificar possíveis sinais?

Nem sempre os sinais de um abuso ou estupro são fáceis de identificar, mas eles estão ali. Alterações de comportamento como ansiedade, irritação, dores de cabeça e estômago, rebeldia, raiva, introspecção, problemas escolares, pesadelos constantes, xixi na cama, atitudes regressivas como voltar a chupar dedo.

Outro sinal de alerta é quando a criança começa a falar abertamente sobre sexo, de forma não-natural para a sua idade, física e mental.

Eu não tenho criança, como posso ajudar?

Por mais que o abuso sexual infantil seja um assunto muito íntimo, muitas vezes ele é cometido pelos pais e a sociedade pode ajudar. Nesse sentido muitas vezes vizinhos, escolas e demais instituições de atenção à infância e à adolescência podem contribuir de várias maneiras:

Oferecendo informações às crianças para que elas consigam entender quando estão sendo expostas a uma situação perigosa ou que possa se configurar como abuso sexual;
Sensibilizando os familiares ou os responsáveis pela educação das crianças, demonstrando o quanto é importante desenvolver maneiras de fortalecer o seu filho contra o abuso sexual, com uma relação de confiança;
Treinando o olhar dos educadores para que eles identifiquem casos de violência doméstica e de abuso sexual.