Ministério da Saúde indica que vacina da Pfizer pode ficar de fora do planos do Brasil

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O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou nesta terça-feira que a pasta deseja uma vacina “preferencialmente” armazenável em temperaturas de 2 a 8ºC. A vacina da Pfizer, desenvolvida em parceria com a BioNTech, não se enquadra nesse perfil, já que tem de ser guardada a -70ºC.

A declaração de Medeiros, que não citou qualquer farmacêutica, pode ser um indicativo de que a vacina da Pfizer está fora dos planos do governo. O Ministério da Saúde, no entanto, vem afirmando que acompanha e priorizará o imunizante que receber o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que avalia a segurança e eficácia dos produtos.

Ao dizer que é desejável que a vacina seja “fundamentalmente” termoestável em temperaturas positivas, Medeiros também destacou que a pasta prefere um imunizante em dose única:

– O que nós queremos de uma vacina? (…) que idealmente ela seja feita de dose única, embora muitas vezes isso talvez não seja possível, só seja possível em mais de uma dose, mas que ela seja fundamentalmente termoestável por longos períodos, em temperaturas de 2ºC a 8ºC graus – disse.

E acrescentou:

– Por quê? Porque a nossa rede de frios, nessas 34 mil salas, é montada e estabelecida com uma rede de frios de aproximadamente 2°C a 8°C.

O imunizante da Pfizer só consegue permanecer por cinco dias a temperaturas dentro do padrão desses refrigeradores, que são semelhantes a geladeiras comuns. A farmacêutica já havia informado que poderia fornecer equipamentos necessários para a manutenção das doses, sem dar detalhes.

Já no âmbito da dosagem, a incerteza é ainda maior. A única vacina candidata com acordo firmado pelo Ministério da Saúde, desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford (Reino Unido), foi desenvolvida com base em duas doses. Na semana passada, a companhia anunciou que obteve uma maior eficácia com uma dose completa seguida de meia dosagem, um padrão adotado por acidente.

Inicialmente bem recebida por facilitar a logística de imunização em massa, a conclusão foi recebida com ceticismo por especialistas, que colocam em dúvida a solidez da taxa de efetividade estimada pela companhia e o fato de uma dosagem menor ser mais eficaz do que dose completa.