Famílias de vítimas ainda não resgatadas após chuvas vivem angústia em SP

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Mais de 1.500 famílias estão desabrigadas ou desalojadas na região metropolitana de São Paulo, segundo a Defesa Civil. Em Franco da Rocha, o trabalho dos bombeiros na busca por desaparecidos é lento por conta do risco de novos deslizamentos.

 

Vitor Silva tinha 34 anos, era professor de muai thay, apaixonado pelo esporte e pela família: a esposa, Adriana, e o filhinho, Osiel, de dois anos. Um dos alunos e vizinho de Vitor tentou socorrer os três.

“Nós quebramos a parede e estava ele com a familia abraçado, no mesmo lugar que ele dormia. Ele deu a mão pra eu puxar ele ainda, mas não deu porque um celta veio rolando nos entulhos e parou exatamente onde ele tava”, conta Gilberto dos Santos Junior.

A família já foi encontrada sob os escombros, mas os corpos ainda não foram retirados. Os homens do Corpo de Bombeiros que trabalham nas buscas dizem que cavar a terra em determinados locais ainda é muito arriscado, pois pode provocar novos deslizamentos.

Muitos parentes e amigos de vítimas localizadas e ainda não resgatadas vivem a angústia da espera para poder enterrar seus mortos.

Anderson dos Santos tinha 24 anos, trabalhava como auxiliar de logística e jogava futebol de várzea no clube de Franco da Rocha. “Ele conseguiu socorrer o irmão dele, o irmão dele passa bem, está no hospital. A mãe dele também. Só com ele que aconteceu essa fatalidade”, conta o amigo Richard Lima. Segundo os amigos, Anderson tentou salvar o sobrinho de 13 anos, que também faleceu.

Em Francisco Morato, município vizinho, foram enterrados quatro mortos, três adolescentes e uma criança, todos da mesma família.

Na madrugada desta 2ª feira (31.jan), o corpo de um bebê de três meses foi retirado dos escombros em Itapevi, também na Grande São Paulo.Ele estava com a mãe, que tinha ido jantar na casa de conhecidos, quando foram soterrados. Ela foi resgatada com vida e levada para o hospital.

Em Embu das Artes, ainda na região metropolitana, um deslizamento de terra matou mãe e dois filhos. Os corpos foram enterrados na manhã desta 2ª. O pai das crianças e marido da vítima ajudou nas buscas. Eliane Rodrigues dos Santos, de 45 anos, era surda e muda. O filho Felipe, de 21 anos, e a filha Julia, de quatro, também não conseguiram escapar.

“Parece que elas dormiam juntas abraçadas na mesma cama. Foi um cenário muito feio, um cenário muito triste. Todos os escombros em cima das pessoas, totalmente afundada na terra. Parecia que caiu um meteoro”, conta o tio das vítimas, Carlos Alberto de Muniz Souza.