Quadrilha pega com 643 quilos de cocaína, que renderiam em torno de R$ 225 milhões a traficantes, traziam a droga originária da Bolívia pela fronteira de Mato Grosso do Sul com Paraguai e, de lá, seguiam para Campo Grande, de onde o entorpecente eram levado para o porto de Santos, em São Paulo.
De acordo com o delegado Hoffman D’Ávila, da Delegacia de Narcóticos de Campo Grande (Denar) o grupo envolvido com o narcotráfico internacional realizou diversas viagens para Mato Grosso do Sul com objetivo de levar a cocaína da fronteira, passando por Campo Grande, chegando até o porto de Santos, com o destino final ao continente europeu.
A Polícia Civil apreendeu a cocaína em uma oficina mecânica na cidade de Bela Vista, na região de fronteira com o Paraguai, prendendo no local o dono do estabelecimento e um caminheiro que estavam colocando os entorpecentes em um teto falso de uma carreta.
Segundo as investigações da polícia, além deste local onde a quadrilha atuava no interior, há indícios que o grupo criminoso têm uma base estabelecida em Campo Grande, que interliga a rota de transporte da droga para outros estados, e também mantêm a cocaína em circulação na Capital.
O delegado não revelou detalhes sobre os prováveis “líderes” da quadrilha, mas deixou claro que o carregamento interceptado faz parte de um grande esquema de narcotráfico internacional, uma vez que o caminhoneiro e o dono da oficina presos em flagrante não são os reais proprietários das drogas, que em Campo Grande a droga têm valor bem menor que na Europa, mas mesmo assim valem uma verdadeira fortuna, da ordem de R$ 15 milhões na Capital, de acordo do Hoffman.
A investigação ainda está em andamento, e a expectativa da polícia é avançar com mais informações para chegar em mais integrantes do bando, prendendo assim os proprietários do carregamento de 643 quilos, que é considerado pelo delegado a maior apreensão de cocaína dos últimos anos da Denar.
O caminhoneiro preso pela Denar é procedente do Paraná, e informou à polícia que havia vendido uma casa para comprar a carreta e virar “mula” da quadrilha, já que o esquema vinha dando certo e garantindo lucro fácil a outros motoristas.
De acordo com Hoffman, os valores elevados que envolvem a venda da cocaina são os principais motivos da quadrilha investigada conseguir recrutar muitos caminhoneiros, que vinham de diferentes estados para participarem do esquema.
Os dois homens presos, que não tiveram a identidade revelada pela Polícia Civil, não tinham nenhuma passagem.
A carreta que iria ser utilizada para transportar a cocaína foi apreendida e deixada sob os cuidados da polícia de Bela Vista, cidade que faz fronteira com a cidade paraguaia com o mesmo nome.
ESTRATÉGIA
Conforme o delegado da Denar, a quadrilha sempre adotava a mesma estratégia para esconder as drogas. Os caminhoneiros vinham de diferentes estados à região sudoeste do Estado para buscar calcário, como forma de despistar suspeitas na rodovia e retornavam para São Paulo com os tabletes de cocaína escondidos no teto da cabine das carretas.
O dono da oficina preso, cuja identidade não foi revelada, admitiu para o delegado que já havia escondido as drogas em uma série de veículos de carga e que o destino da maior parte era o porto de Santos, onde os entorpecentes são colocados nas embarcações até por mergulhadores.
A interceptação, que ocorreu na manhã de terça-feira, foi resultado de uma investigação que já se arrastava havia cerca de dois meses.
Segundo Hoffman, a operação “foi crescendo com mais informações sendo obtidas até encontrar um dos endereços onde a carga com drogas era carregada, com o momento mais oportuno para efetuar as prisões em flagrante”, disse, indicando que a polícia já conhece algumas ramificações da quadrilha em solo sul-mato-grossense.
Um dos presos na operação, segundo o delegado, passou a ser monitorado justamente depois de ter sido visto em determinado endereço de Campo Grande utilizado como uma entreposto do bando.