Acusado de matar família queimada vai à júri nesta quarta em Amambai

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Está previsto para ir a júri popular nesta quarta-feira, 30 de agosto, perante o Tribunal do Júri, anexo ao Fórum, em Amambai, um homem de 33 anos, acusado de planejar e matar seis pessoas, entre elas a esposa e a própria filha de apenas dez meses, queimada dentro de casa, em Coronel Sapucaia.

O fato que inicialmente parecia uma fatalidade aconteceu no dia 2 de maio de 2014 e gerou grande comoção, tanto na população de Coronel Sapucaia como da cidade paraguaia de Capitan Bado.

A casa de madeira anexa a um depósito de bebidas situado no centro da cidade ficou completamente destruída.

Na ocasião acreditava-se que as vítimas, a esposa do acusado, Vanusa dos Santos, 27 anos, a proprietária do imóvel e sogra do acusado, Rosangela dos Santos Arantes, de 53 anos, o cunhado Alessandro dos Santos Jeronimo, de 18 anos, os enteados Tiago Gerônimo dos Santos, de 10 anos e Sabrina dos Santos Silva, de 5 anos, bem como a própria filha do indivíduo Estephanie dos Santos Silva, de 10 meses de vida, estariam dormido quando o fogo teria começado de forma acidental.

A acusação

Segundo a denúncia formulada pelo Ministério Público, baseada nas evidências levantadas pela Polícia Civil durante as investigações, Edson da Silva, que hoje está preso aguardando o julgamento no PHAC (Presídio Harry Amorim Costa) em Dourados, teria sido frio e calculista ao planejar a morte da própria família.

Ele teria descoberto que no período que estava preso em Ponta Porã acusado de violência doméstica contra a esposa, sua mulher, a Vanusa, teria mantido um relacionamento extraconjugal com um indivíduo morador em Coronel Sapucaia.

Teria ocorrido separação, mas o casal teria reatado a relação segundo o MP, porque Vanusa temia as ameaças de Edson.

Segundo relatou o MP na denúncia, na noite do crime Edson teria flagrado a esposa durante uma suposta ligação com o suposto amante e o casal teria se desentendido.

Quando Vanusa adormeceu, armado com um pedaço de viga de madeira, Edson da Silva teria se dirigido até a cama do casal e desferido um golpe contra a cabeça da esposa.

Ao perceber o barulho a mãe da Vanusa, Rosângela teria saído do quarto para ver o que estava ocorrendo, quando também acabou agredida com uma paulada na cabeça.

Fator semelhante aconteceu, segundo o MP, com o cunhado do acusado, Alessandro, que teria sido atingido no braço e no pescoço pelo pedaço de madeira, vindo à exemplo das demais vítimas, ficar desacordado.

Segundo o Ministério Público, depois de agredir a esposa, a sogra e o cunhado com o pedaço de madeira, esses dois últimos arrastados e colocados em um dos quartos da casa, Edson teria se dirigido até o local onde estavam os enteados de 10 e 5 anos e também golpeado as crianças na cabeça com o pedaço de madeira, tudo isso no decorrer da madrugada.

As duas crianças teriam sido arrastadas pelo acusado até o banheiro da casa, posteriormente Edson teria se deslocado onde estava sua filha de apenas dez meses e também desferido um golpe de madeira contra a cabeça da menina.

Com as vítimas todas desacordadas o indivíduo teria se deslocado até a parte onde funcionava a distribuidora de bebidas, retirado gasolina que estava no tanque da moto de Vanusa e espalhado pela casa.

Com o objetivo, segundo o MP, de ludibriar as investigações para manter o caso como um acidente, Edson da Silva também teria cortado a mangueira do botijão de gás da cozinha para provocar vazamento do produto.

Nesse meio tempo os enteados teriam recobrado a consciência e implorado, segundo a denúncia, com as palavras; “pai, por favor, não me mata”.

Sem piedade o homem teria voltado ao banheiro e voltado a golpeá-los com o pedaço de madeira, fazendo com que desmaiassem novamente.

Edson foi calculista, diz MP

Segundo o Ministério Público, Edson da Silva foi calculista. Ele foi até uma gaveta e se apoderou de dinheiro pertencente à sogra comerciante, saiu de casa e ao encontrar uma conhecida pediu para ela ligar em uma padaria encomendando pães, pois sua esposa Vanusa iria busca-los como fazia todos os dias.

Após isso o homem teria voltado à residência, ateado fogo na casa e seguido para o trabalho, uma oficina mecânica da cidade, como se nada tivesse acontecido.

Na oficina o homem teria se desfeito do celular de Vanusa, que estava em seu poder, jogando dentro de uma fossa.

Segundo a denúncia ao receber uma ligação de sua irmã informando que sua casa estaria pegando fogo, como parte do suposto disfarce, Edson teria se feito de desentendido, perguntando se a casa dela, da sua irmã é que estava pegando fogo.

O Corpo de Bombeiros Voluntário da cidade paraguaia de Capitan Bado bem como um grande número de voluntários estiveram no local e se uniram para tentar conter as chamas, mas o esforço coletivo acabou sendo em vão.

O Corpo de Bombeiros de Amambai também foi acionado, mas devido à distância, 45 quilômetros, quando chegou ao local às instalações, a maior parte de madeira, já havia sido consumida pelas chamas.

Edson da Silva, que chegou a estar no local durante o momento que as pessoas tentavam apagar o fogo, acabou preso no curso das investigações do caso.

Ele foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por homicídio triplamente qualificado em relação à morte da esposa, do cunhado, dos dois enteados e da própria filha e por latrocínio, artigo 157, parágrafo 3º do Código Penal Brasileiro no caso da morte da sogra, tendo em vista, segundo o MP, que o acusado teria subtraído dinheiro da comerciante.

As sessões do Tribunal do Júri na Comarca de Amambai começam sempre às 8h da manhã e são abertas à sociedade.

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