Polícia ouve mais três possíveis vítimas de maníaco sexual

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Um dia depois de confirmarem cinco vítimas do maníaco sexual José Carlos Santana Júnior, de 37 anos, conhecido como Maníaco do Parque das Nações Indígenas, as delegadas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) agendaram para esta quarta-feira o depoimento de  pelo menos mais três possíveis vítimas.

De acordo com a delegada Elaine Cristina Ishiki Benicasa, a expectativa é de que o número de vítimas aumente consideravelmente a partir da prisão dele, que ocorreu na segunda-feira (2).

Todos os boletins de ocorrência dos últimos dois anos estão sendo revisados e em todos os casos em que aparecerem características que possam indicar que as mulheres foram atacadas por José Carlos serão chamadas para prestar novos depoimentos, segundo a delegada.

Caso as suspeitas se confirmarem, poderão fazer o reconhecimento presencial para melhor fundamentar a investigação e as novas denúncias que serão apresentadas pela polícia contra o maníaco, que era frequentador assíduo de uma igreja evangélica e costumava orar na diante das vítimas antes de cometer os estupros.

Os depoimentos iniciais das três mulheres que serão ouvidas nesta quarta-feira têm fortes indicativos, como características físicas e descrições do carro que ele usava, de que também foram atacadas por José Carlos.

E, além dos casos de estupro que já foram oficialmente registrados em boletins de ocorrência, a delegada Eliane Benicasa acredita que a divulgação da prisão possa encorajar outras possíveis vítimas a procurarem a polícia a partir de agora para fazer a denúncia.

HISTÓRICO

Além de ter sido procurado pela polícia espanhola por dois supostos casos de abuso sexual na Europa, José Carlos foi preso pela primeira vez por estupro em Campo Grande em 2007.  Foi condenado a 34 anos de prisão por conta da denúncia de dez vítimas.

Ficou no regime fechado até meados de 2021. No presídio chegou a fazer curso superior e até especialização. Solto, voltou a praticar crimes ainda em  junho de 2021, conforme uma das cinco vítimas identificadas até agora.

O ataque mais recente ocorreu no começo do mês passado, na região central de Campo Grande. Entre a primeira e a última vítima já identificadas passaram-se 26 meses. E por conta deste longo período em que ele estava nas ruas a delegada Elaine Benicasa está convencida de que a quantidade de mulheres atacadas é muito maior do que se tem informações até agora.

Além de ser proprietário de um lava-jato, José Carlos atuava como motorista de aplicativo utilizando o carro registrado em nome de seu pai, um bombeiro aposentado. E foi com base em imagens deste carro que ele acabou sendo capturado na segunda-feira.

“Como que o cara, que cumpriu tanto tempo, consegue fazer um cadastro no Uber para poder dirigir. Não consegui checar a veracidade, mas não teria motivo para ele mentir sobre isso”, questionou a delegada Analu Lacerda Ferraz, também da DEAM, durante coletiva à imprensa na terça-feira (3).

Em suas primeiras declarações após ser preso admitiu os crimes. “Ele disse que não se controla, que não sabe dizer o porquê faz isso. Há relatos de que ele ficava rezando, orando, e quando eu mesma perguntei ele disse que é algo inexplicável”, comentou a delegada Elaine horas depois da prisão.

José Carlos ficou conhecido como maníaco do Parque das Nações Indígenas porque naquela época costumava fazer as abordagens naquela região da cidade. Atualmente, conforme a DEAM, a região predileta era o centro da Capital, e geralmente no começo da manhã. E estas são outras características que podem levar muitas possíveis vítimas a fazerem o reconhecimento.

Embora já tenha sido transferido para o presídio, ele será levado à Delegacia da Mulher todas as vezes em que aparecem mulheres dispostas a colaborarem com a inestigação, garante Benicasa.