A marcha de indígenas de diversas regiões do país na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta quarta-feira (1º), teve um princípio de confronto pouco depois das 15h. O grupo protesta contra a tese do “marco temporal” para demarcação de terras (entenda abaixo), que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta tarde.
Um grupo de manifestantes discutiu com pessoas que criticavam o movimento, à margem da via, na altura do Ministério do Trabalho e Previdência. A PM interviu, usando spray de pimenta. Em seguida, alguns participantes do ato jogaram pedras na direção dos policiais.
Durante o conflito, lideranças indígenas que estavam em um carro de som pediam que os manifestantes voltassem para o protesto e não atacassem as forças de segurança. Por volta das 15h15, a marcha foi retomada.
Os militares que atuam no local não quiseram comentar a ação. Questionada pelo G1, a PM não informou se houve detidos ou registro de ocorrências sobre o caso até a última atualização desta reportagem.
Indígenas protestam em Brasília contra marco temporal para demarcação de terras — Foto: Carolina Cruz/G1
Indígenas protestam em Brasília contra marco temporal para demarcação de terras — Foto: Carolina Cruz/G1
Marcha
Nesta quarta, o STF continua o julgamento sobre tese que prevê que indígenas só podem reivindicar terras ocupadas pelas comunidades até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Para os manifestantes, se aprovado, o marco temporal desconsidera o histórico de violência e retirada forçada de povos originários das regiões no período.
Os indígenas estão acampados na capital desde a semana passada, para acompanhar o julgamento. Por volta das 14h15, os manifestantes saíram da área onde estão instalados no Eixo Monumental, próximo à Fundação Nacional das Artes (Funarte), e seguiram em marcha até a Praça dos Três Poderes.
Indígenas marcham em Brasília contra marco temporal para demarcação de terras
Indígenas marcham em Brasília contra marco temporal para demarcação de terras
O grupo se concentra em frente ao prédio do STF, de onde acompanha a sessão, por um telão instalado pelo movimento. Na marcha, os indígenas ocuparam três faixas do Eixo Monumental, na via N1. Eles carregam cartazes com frases como “Fora Bolsonaro” e “Nossa constituição não será rasgada”.
Indígenas protestam em Brasília contra marco temporal para demarcação de terras — Foto: Carolina Cruz/G1
Entenda o marco temporal
Marco temporal sobre terras indígenas: entenda ponto a ponto o que é julgado no STF
O STF julga um recurso que pode ser aplicado em outros processos, e que define os critérios para a demarcação de novas terras indígenas. Na prática, a Corte analisa se é válida a tese do “marco temporal”, na qual indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.