Juiz federal Odilon de Oliveira, já fala em politica, mas quer se aposentar primeiro

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Até fevereiro do ano que vem o juiz federal Odilon de Oliveira, o mais temido do Brasil, se aposenta na magistratura. Somente a partir daí decidirá se vai entrar na política. Mas há uma condição. De que a justiça continue a manter segurança particular. O problema é que assim que parar de trabalhar, deverá perder o aparato que conta com policiais federais fortemente armados que o acompanham 24 horas. Portaria do Ministério da Justiça que trata da segurança de autoridades não menciona casos de aposentadoria.

Odilon esteve de passagem por Dourados na sexta-feira, onde participou de audiência pública na Câmara Municipal. Respeitado e admirado, tirou fotos com muita gente que o procurou logo após o evento. Em entrevista ao O PROGRESSO, o magistrado contou que no mês que vem ou outubro entrará com pedido de aposentadoria. Em suas três décadas como juiz federal, não só colocou na cadeia algumas centenas de criminosos, como também esvaziou as contas bancárias das quadrilhas.

O trâmite burocrático da aposentadoria, segundo ele, deve transcorrer, no mais tardar, até fevereiro do ano que vem. Somente a partir daí decidirá se vai disputar um cargo na política. Se isso ocorrer deverá ser para o Senado. “Vários partidos me sondaram, mas somente ano que vem vou decidir”, argumentou. Mas a permanência do magistrado no Estado e no País depende da justiça. Caso não consiga manter a escolta armada, promete ir embora. Algum país europeu seria o destino. Por ter confiscado fortuna de bens de muitos traficantes, Odilon teme vingança do crime organizado.

Para ele, a corrupção está longe de acabar no Brasil e não há reforma que possa mudar essa realidade. Somente pessoas com sentimento de civismo, princípios éticos e morais que poderão fazer a diferença, opina o magistrado. Leis mais rígidas, para ele, com cumprimento de pena deveria ocorrer, além da mudança no sistema prisional. “O sistema é podre e quem manda é o bandido, as facções”, critica.

Audiência

Com o tema “Drogas, quem não previne trata”, a audiência, proposta pelo vereador Junior Rodrigues (PR), teve o juiz Odilon como palestrante. Durante pouco mais de uma hora e meia, o magistrado disparou duras críticas contra a União que não protege a fronteira seca do país, em específico Mato Grosso do Sul, por onde entra grande quantidade de drogas e armas.

Odilon disse que o governo federal tenta de forma paliativa levar guarnição policial aos morros cariocas quando o “remédio” deveria ocorrer na fronteira. “O governo federal impõe pra sociedade que a segurança na fronteira é dever dos Estados e a população acredita”, criticou o magistrado.

Odilon Oliveira é conhecido por realizar palestras com foco no combate às drogas. Experiente no assunto, disse com tristeza ao mencionar que os casos de dependência só aumentam no país. Para ele, é preciso haver um “casamento” entre a família e a escola, para combater as drogas.

Defendeu a proposta do vereador Júnior que trouxe para a audiência a discussão sobre a implantação de disciplina curricular nas escolas sobre drogas. Para isso, sugeriu criação do Conselho Escolar de Drogas, com participação dos professores, alunos pais e comunidade externa.

O secretário de Justiça e Segurança Pública José Carlos Barbosa participou da audiência. Ele também criticou a ausência da União nas fronteiras e a problemática do acesso dos presos a comunicação via telefone celular.

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