Diobelso Teodoro de Souza Che Tiempo Guaré:

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Che Tiempo Guaré:
O Advogado Antonio Elias, o Nê

Há poucos dias estou degustando Che Tiempo Guaré. O Livro traz várias paragens, vou colhendo frases, absorvendo, guardando no meu capinzal fértil, porque sempre faço assim quando me cai às mãos uma leitura que me serve de adubo para os meus delírios em forma de versos.

É como um lavoureiro aos fundos do quintal cheiroso: vai catando aqui e ali algumas sementes, alguns talos já prontinhos que é só fincar no terreno fofo e macio da imaginação pra se formar uma horta em forma de versos ou crônicas curtas, nas páginas brancas do Notebook.

Colhi, entre tantas informações, relatos históricos e perfis de várias personalidades descritas, porém, considero os insumos catados a partir da vida do Advogado Nê, o Antônio Elias, os mais importantes.

Não desfazendo das pujanças épicas das histoestórias, a Colonização do nosso Alto Amambai desde a Guerra do Paraguai, a militarização das fronteiras, o progresso os personagens políticos e sociais, etc.

Mas, interesso-me muito pela dor corriqueira, pelos açoites que a vida familiar vai cozinhando, desfazendo ou crescendo no peito: no dia-a-dia, nas horas de solidão, no sono perdido na madrugada fria que vai esfriando um relacionamento conjugal, esvaindo o diálogo com o filho, amontoando no peito desperdícios de sonhos, promovendo o distanciando à mesa e no coração.

Esse importante personagem de Amambai e do Livro Che TIempo Guaré era um advogado das pessoas humildes, de fácil acesso, sem paramentos, de hábitos
comuns de pescador de barrancas de riachos, apreciava uma geladinha e um carteado até altas horas.

Sua intimidade é esmiuçada através dos depoimentos dos filhos Djalma (com o qual não se relacionava bem, mas que aos 23 anos de idade desse a amizade foi restabelecida), Lanna (O Pai Herói da filha favorita, primogênita, exclusiva das atenções paternas: ela pedia e ele prontamente atendia).

E a neta Giovanna, que desde pequenina assistia no colo do Avô a TV Senado e o Canal do Boi e achava interessante tudo que o avô fazia, principalmente na leitura do Céu estrelado. Tornou-se Advogada, como o avô, admiradora número um do seu protecionismo e atenção aos humildes).

Lanna vai conversando e desdobrando as maçarocas do tempo: “ele gostava do ambiente dos amigos, dos jogos, dos clubes, das filantropias, enquanto a mãe se entregava às lidas da Igreja, coisa que ele não compartilhava.”

Termina por dizer, do Pai, profissionalmente: “O que ele fazia era Filantropia e não era Advocacia, o Direito propriamente que o embalava, mas o dar de si, o Servir. Defendia os fracos, os pobres, os necessitados.

E o que gostava mesmo era de estar em outro lugar, numa Chácara, numa Fazenda, no mato! Eu sempre pensei: queria que ele tivesse uma chácara com uma varanda. Sabe aquela música que fala de uma rede na varanda? Aquilo lá, eu sempre imaginei ele lá. Sempre! Não deu tempo para fazer isso…”

Diobelso T. de Souza, 61 anos, é médico por profissão, poeta de nascença. Tem várias premiações nacionais com seus poemas e crônicas. Veio para Amambai em Março/1986 para cumprir o Serv. Militar como Médico.

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