Atiradores eram ex-alunos e mataram dono de locadora antes de ataque na escola em Suzano

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SÃO PAULO – Os atiradores que invadiram a escola estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, roubaram um carro minutos antes do crime. A polícia identificou os assassinos como Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Os dois eram vizinhos.

Segundo o secretário de Segurança Pública, João Camilo Pires de Campos, a dupla atirou no dono da locadora Jorge Antônio Moraes, que morreu no hospital onde foi socorrido. Ele seria familiar de um dos agressores. A concessionária fica a cerca de 500 metros do colégio.

Foto: (Natan Lira/G1)

Os atiradores, segundo a polícia, estariam para entrar numa sala de aula cheia de alunos quando foram surpreendidos por agentes da força tática.

— Assim que eles se depararam com a força tática, a cerca de dez metros de distância, mais dois tiros foram disparados, não sabemos se um matou ou outro, ou se eles se suicidaram ao mesmo tempo — disse o secretário.

Segundo a polícia, o mais novo dos atiradores teria deixado a escola no ano passado.

— Tem histórico de que o mais novo (Guilherme Taucci) deixou a escola antes da hora, no ano passado, por conta de problemas — disse Marcelo Sallles, comandante geral da PM de São Paulo.

A polícia tenta ainda descobrir qual a motivação do atentado. Além de um revólver calibre 38 com numeração raspada e de um equipamento de arco e flecha, a polícia também encontrou uma caixa com fios, mais tarde descartado como um explosivo.

— Eles entraram atirando de forma aleatória para aumentar o maior dano possível.

Policiais estiveram na casa dos atiradores, onde recolheram aparelhos de telefones celulares, computadores e anotações.

Aluna se finge de morta para não ser atingida durante tiroteio em escola de Suzano, em SP

Policiais na escola Raul Brasil, em Suzano, após um ataque a tiros
Policiais na escola Raul Brasil, em Suzano, após um ataqu

Quem era a coordenadora morta em escola de Suzano?

A professora Marilena Ferreira Umezu foi a primeira pessoa a ser morta no colégio de Suzano (SP), na manhã desta quarta-feira. Autores do massacre eram ex-alunos da escola e conheciam a professora

Defensora dos “livros como melhor arma para salvar o cidadão”, a professora Marilena Ferreira Umezu foi a primeira pessoa a ser baleada na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), na manhã desta quarta-feira.

Os dois autores do massacre, um rapaz de 17 anos e outro de 25, eram ex-alunos da escola. A professora sorriu ao revê-los cruzando o portão de entrada do colégio onde trabalhava há mais de 10 anos.

Eles responderam com tiros.

São estas as informações preliminares da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e de amigos de Marilena Umezu sobre o ataque ao colégio.

“Os portões estavam abertos e eles foram recebidos pela coordenadora. Eles entraram na escola, atiraram na coordenadora, depois numa segunda funcionaria e depois nos alunos”, disseram as autoridades de segurança paulistas em entrevista coletiva na tarde desta quarta.

O saldo do ataque, até a publicação desta reportagem, é de 10 mortos – incluindo os dois autores do massacre, que se suicidaram – e nove feridos, que foram levados para hospitais da região.

Além destes, centenas de alunos, professores e pais estão em estado de choque e tentam entender o que aconteceu.

“A gente está abaladíssimo e os alunos estão desesperados”, diz à BBC News Brasil a professora de português Elo Ferreira, que trabalhou durante uma década com Marilena.

“Ela não era um alvo específico. Era uma pessoa dedicada, querida e fazia tudo pelos alunos. Vivia a educação com intensidade e era generosa, colaborava com coordenadores de outras escolas da cidade”, conta.

O choque também é fruto das imagens do massacre, compartilhadas à exaustão em grupos no WhatsApp. Segundo uma aluna, Marilena aparece cercada por uma poça de sangue em um dos vídeos mais compartilhados.

‘Porte de livros’

Alunos confirmam a descrição da professora, que dava aulas de filosofia para o Ensino Médio e foi promovida a coordenadora pedagógica graças à boa relação que mantinha com estudantes e outros professores.