Arma do Inter e problema no Grêmio, bola aérea é ponto-chave na final do Gauchão

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Inter e Grêmio se preparam para travar um Gre-Nal de dois rivais que gostam de ter a bola para construir as jogadas por baixo, com trocas de passes até abrir espaços nas defesas rivais. Mas não é exagero dizer que o clássico deste domingo, às 16h, no Beira-Rio, pela ida da final do Gauchão tem na bola aérea um ponto vital para o jogo de xadrez entre Miguel Ángel Ramírez e Tiago Nunes.

E com um contraste bem evidente. As jogadas pelo alto são a principal arma do Colorado em 2021 e também o maior motivo de preocupação defensiva para o Tricolor sob o comando de seu atual treinador, inclusive com gol sofrido justamente na partida anterior à final.

Não chega a ser uma história nova para o clássico. Em janeiro, o Inter encerrou um jejum de 11 Gre-Nais sem vencer ao fazer 2 a 1 no Beira-Rio graças a dois gols nos minutos finais. Abel Hernández marcou de cabeça, e Edenílson converteu pênalti originado em cruzamento de Cuesta.

Força aérea colorada

De lá para cá, Abel Braga e Renato Portaluppi saíram do comando, Ramírez e Tiago chegaram, e o Grêmio venceu o primeiro Gre-Nal da temporada por 1 a 0, na primeira fase do Gauchão. E mesmo com a ruptura de filosofia de futebol, o Inter segue efetivo em jogadas pelo alto.

O treinador trabalha para enraizar a saída de bola por baixo e desde a defesa, mas a bola aérea ainda é a principal arma da equipe. O Inter fez 10 dos 35 gols sob o comando de Ramírez a partir de cruzamentos pelo alto. O número corresponde a quase um terço dos gols – exatos 28,5%.

E o retrospecto recente reforça esta característica. O Inter vem de cinco goleadas e três derrotas nos últimos oito jogos. Em três das vitórias, a equipe abriu o placar com a mesma jogada: escanteio pela direita, com cruzamento de Rodinei na cabeça de um zagueiro.

Foi assim contra Esportivo (5 a 0), com Zé Gabriel; Deportivo Táchira (4 a 0) e Olimpia (6 a 1) – ambos, com Víctor Cuesta. O Inter fez seu primeiro gol com a bola aérea em outras três oportunidades: nas vitórias sobre Ypiranga, Novo Hamburgo e Brasil de Pelotas no Gauchão.

Rodinei é o principal municiador da força aérea colorada. O lateral-direito tem sete assistências na temporada e desponta como um dos principais garçons da Série A em 2021, ao lado de Gustavo Scarpa.

Preocupação para o Grêmio

O fundamento é justamente uma das maiores mudanças com a chegada do técnico Tiago Nunes e tem chamado atenção dos torcedores, ainda mais após o gol sofrido para o Lanús, na vitória por 3 a 1, na quinta-feira.

Antes, com Renato, o Tricolor fazia uma marcação individual e cada jogador tinha o adversário já indicado para perseguir. Com a troca no comando, isso foi desfeito.

Passou a ser implementada uma marcação zonal, com os jogadores dispostos dentro da área e com a obrigação de ocupar o espaço e atacar a bola cruzada. As diferenças de conceitos, claro, levam tempo para uma adaptação.

Logo na estreia de Tiago Nunes, na vitória sobre o Ypiranga, o Tricolor vazou pelo alto. O rival teve seis cabeçadas na direção do gol de Brenno. Mas esse número foi diminuindo com o passar do tempo – e dos treinos. Contra o Lanús, jogo seguinte, não houve finalizações sofridas a partir de cruzamentos.

Marcação do Grêmio na bola aérea contra o Caxias — Foto: Eduardo Moura/ge

Marcação do Grêmio na bola aérea contra o Caxias — Foto: Eduardo Moura/ge

Depois, contra o Aragua, apenas uma cabeçada ao gol de Brenno, enquanto contra o Caxias outras três. A equipe levou dois dos cinco gols sofridos com o treinador desta maneira, na vitória sobre o Caxias no Centenário, no primeiro jogo da semifinal do Gauchão, e no 3 a 1 sobre o Lanús.

— Tivemos algumas bolas contra, na primeira bola parada sofremos, infelizmente. Já detectamos no vestiário o motivo do cabeceio. Agora é continuar trabalhando, ajustar jogo a jogo, somente sequência de jogos pode melhorar. Sabemos que temos que evoluir. Mas nada que o trabalho não faça — destacou Tiago Nunes na última quinta-feira.

Bola aérea defensiva com Tiago Nunes

  • Ypiranga 2 x 3 Grêmio – 6 cabeçadas ao gol
  • Lanús 1 x 2 Grêmio – nenhuma cabeçada ao gol
  • Caxias 1 x 2 Grêmio: 1 cabeçada ao gol + 1 gol sofrido em cobrança de escanteio
  • Grêmio 8 x 0 Aragua – 1 cabeçada ao gol
  • Grêmio 2 x 0 Caxias – 3 cabeçadas ao gol
  • Grêmio 3 x 1 Lanús -1 gol sofrido em cobrança de escanteio

O certo é que um ajuste mais fino neste tipo de jogada pode trazer mais tranquilidade ao Grêmio no clássico. Isso tem sido alvo do trabalho de Tiago Nunes no dia a dia no CT Luiz Carvalho, com atividades específicas.

Inter e Grêmio se enfrentam neste domingo, às 16h, no Beira-Rio, pelo jogo de ida da final do Gauchão. O duelo da volta está marcado para o domingo seguinte, também às 16h, na Arena.