Inesquecível. Essa é a palavra que vem a cabeça de quem viveu a mocidade curtindo os famosos bailes no Rádio Clube, Surian e o Libanês, entre as décadas de 60 a 80. Nos 120 anos da cidade, o TopMídiaNews presenteia o leitor com boas lembranças, de um tempo que não volta mais.
As festas eram sempre aos sábados à noite. Grande parte dos frequentadores era filho de sócios de clube, uma tradição da época. A professora aposentada Lúcia Maria de Souza, 70 anos, conta, suspirando de saudade, que viveu intensamente o auge dos bailes.
”Nossa, no Surian a gente dançava ao som dos Brasinhas. Eles sempre tocavam jovem guarda e a gente se divertia até não querer mais”, relembra.
Os frequentadores dos bailes dizem também que não há quem não tenha dançado ao som dos Miniboys, que se tornou a Banda Zutrik. Era o grupo do momento, com o melhor do rock n’ roll e da jovem guarda.
Lúcia conta que não tocava sertanejo nos bailes, mas sim um pouco de polca paraguaia. “Nessa hora todo mundo gritava. A Marilu Guimarães [ex-apresentadora de TV] dava um show na pista”, diz a professora.
O Libanês se diferenciava por trazer artistas nacionais, como a musa da jovem guarda, Wanderléia. No Facebook, a turma dessa época criou um grupo para relembrar as histórias: o Anos Dourados Campo Grande MS.
Dia das bruxas celerado no Surian. (Foto: Reprodução Faceook Anos Dourados)
Algumas participantes dizem que mulheres só tomavam coca-cola com gim, conhecida como ”cuba libre” e os homens cerveja. Ieve Martinez e Lúcia contam que, durante a semana, as mulheres compravam tecidos na loja dos ”turcos” e levavam para as costureiras prepararem.
”Sim, as roupas eram muito bonitas”, lembra Martinez. Lúcia Maria recorda que o modelo usado anos 70 era o ”tubinho” afinado na cintura e ”só um pouquinho acima do joelho”, relembra aos risos.
No Surian, dizem os saudosos, havia os bailes do Dia das Bruxas, onde as meninas davam um show de criatividade para a época e eram um sucesso que só. Também tinha as festas de formandos, que levavam canecas dos cursos para vender. Carnavais e festas juninas completavam o calendário de eventos.
Evento no Rádio Clue, que era o mais elitizado de antigamente. (Foto: Reprodução Anos Dourados)
Gabriel Spipe Calarge, o Gabura (in memorian), comandava os bailes no Rádio Clube, estes bem mais elitizados. Roberto Carlos, inclusive, se apresentou lá. Figuras como Marisa Serrano [ex-senadora] e Aroldo Abussafi Figueiró eram presenças marcantes nas festas.
Nos bailes do Rádio, não faltam histórias dos playboys brigões na época. “Mas era lá fora. Dentro era tranquilo”, contam ex-frequentadores.
Ponto alto nos bailes eram as dancinhas de rosto colado, relembra Lúcia. Ela guarda muitas recordações de quando ia com a amiga Maura Dódero e a irmã Líria Maria.
“Quando um rapaz pedia pra dançar e a gente não queria, nós corríamos para o banheiro. Isso era chamado de ”dar tábua’ no rapaz”, finaliza.