Sogro e cunhado são indiciados por darem fuga a assassino de agiota

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O sogro e o cunhado de Miguel Arcanjo Camilo Junior, foram indiciados pelo crime de favorecimento pessoal, por ajudarem o rapaz fugir após matar o agiota Oswaldo Foglia Júnior, 43 anos, no último dia 16 de julho no Jardim São Lourenço, em Campo Grande. Miguel fugiu em um Camaro e encontrou com os dois, que trocaram o carro para facilitar a fuga.

De acordo com o delegado Thiago Macedo, da 4ª Delegacia de Polícia Civil, Miguel relatou eu entrou em contato com a família, informando o que teria acontecido. O cunhado de 21 anos e o sogro, de 46, confirmaram que se encontraram com ele, mas disseram que não imaginavam que ele iria fugir.

A versão contraria as investigações, que apontaram vestígios dos dois dentro do Camaro. Eles se encontraram e forneceram a Pajero. Depois, cunhado e sogro abandonaram o Camaro em uma residência do bairro Cristo Redentor. O objetivo era que MIguel tivesse tempo para pensar melhor onde iria se esconder.

“É um crime de menor potencial ofensivo, mas essa facilitação impediu que a polícia tivesse a oportunidade de prender o autor do crime em flagrante”, informou Macedo. Conforme a polícia, o Corolla pertencente à vítima e o Camaro usado na fuga foram encaminhados ao judiciário, e podem ir à leilão. A arma usada no crime, uma pistola Taurus 380 já foi apreendida.

Câmera de segurança registrou o momento exato em que Miguel Arcanjo atira a queima roupa no tio, Oswaldo Foglia. O delegado Thiago Macedo confirmou que com as imagens, descarta qualquer possibilidade de legítima defesa. No carro da vítima foi localizado um facão, mas a polícia descartou que Oswaldo tenha usado para ameaçar Miguel, já que a o facão estava na bainha.

Miguel foi preso na noite de segunda-feira. Foto: Marcos Ermínio.

Laudo pericial indicou que Oswaldo foi atingido por nove tiros, na cabeça, pescoço, tórax, abdome, glúteo e costas. Os tiros foram a queima roupa, já que Miguel estava distante entre 40 centímetros a um metro da vítima. Tio e sobrinho tinham diversos negócios juntos e a polícia não descarta, além da dívida de R$ 350 mil, até lavagem de dinheiro.

Miguel foi preso no dia 22 de julho e depois de ouvido pela polícia, foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e por recurso que dificultou defesa da vítima.

Entenda

Oswaldo foi morto depois de exigir honorários de uma cobrança que fez, mas que não recebeu. O suspeito, Miguel é um empresário do ramo de frios e tem duas lojas na cidade. Um dos fornecedores de Miguel sabia que o tio dele, Oswaldo, estava envolvido com agiotagem e decidiu contratá-lo para fazer uma cobrança. Oswaldo seria o responsável por fazer a cobrança para este fornecedor.

“Essa cobrança extrapolou o que foi combinado, não chegou a haver pagamento [por parte] do credor, e o contratado [Oswaldo] foi afastado. Romperam este contrato de cobrança. No entanto, a vítima [Oswaldo] acabou se insurgindo porque alegava que tinha direito de receber pelo serviço prestado, e o Miguel tentou intermediar esse pagamento, assumindo uma espécie calção”, explicou o delegado Thiago.

Oswaldo imaginava que os demais haviam recebido e o deixado sem nenhuma compensação, motivo pelo qual passou a pressionar o sobrinho. Miguel teria entregado alguns cheques ao tio como forma de garantia, mas tais cheques não foram pagos. “Houve um imbróglio financeiro entre as partes e a vítima se voltou contra essas partes na cobrança. Então, esse impasse financeiro foi o que motivou a ação do autor [Miguel]. Ele foi cobrado e acabou se sentindo pressionado e matou o tio”, pontuou.

Ameaças

De acordo com o delegado, Miguel alega que sofria tanta pressão por parte do tio, que até mesmo sua esposa e filha foram ameaçadas. “O tipo chegou a pedir que Miguel sustasse cheques de pagamento de seu fornecedor, para que recebesse os honorários da cobrança, mas o autor [Miguel] não quis misturar seus negócios particulares com os problemas do tio”, pontuou. Neste sentido, Oswaldo acreditava que o sobrinho e o fornecedor estavam agindo pelas suas costas.

O assassinato

O assassinato ocorreu no dia 16 de julho no Jardim São Lourenço, em Campo Grande. No momento do assassinato, Oswaldo teria ido até a conveniência e teria dito ao sobrinho que estava com um facão no carro e que iria matá-lo. Momento em que, armado com uma pistola, o autor atirou contra o agiota que morreu no local. Em seguida, o sobrinho fugiu em um Camaro amarelo que foi encontrado abandonado na manhã seguinte, no bairro Cristo Redentor.

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