Sistema de apuração rápida retorna na Bolívia e aponta vantagem que pode dar vitória a Evo no primeiro turno

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Eleitores de Evo Morales e Carlos Mesa se reuniram nesta segunda-feira (21) em frente ao Tribunal Electoral Departamental (TED), em La Paz, na Bolívia, onde é realizada a contagem dos votos da eleição presidencial de domingo. Os grupos trocam xingamentos e há um clima de tensão, enquanto a polícia os mantém separados.

Uma contagem preliminar, que tinha sido interrompida na noite de domingo, foi retomada na segunda e chegou a apontar uma vantagem suficiente para garantir a vitória de Morales no primeiro turno, mas depois a vantagem diminuiu e até às 22h45 (horário de Brasília) o resultado ainda era incerto.

Na Bolívia, um candidato pode ser declarado vencedor no primeiro turno se tiver 50% dos votos mais um, ou se tiver 40%, com dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.

Às 22h45, com 95,63% dos votos apurados na contagem preliminar, Evo Morales tinha 46,4%, e Carlos Mesa aparecia com 37,07%.

Já no sistema de contagem voto a voto, mais lento, no mesmo horário haviam sido apurados 61,59% dos votos, com Mesa liderando, com 42,56%, enquanto Morales tem 42,22%.

Dois sistemas de contagem

Nesta segunda-feira, o ministro das Comunicações, Manuel Canelas, admitiu que o órgão eleitoral errou ao não deixar claro que havia duas contagens paralelas.

O sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares, batizado de Trep, teve o serviço suspenso no domingo no momento em que a contagem individual de votos começou a dar resultados muito distintos das atas de mesa da eleição.

“O órgão eleitoral errou ao não deixar claro que havia duas contagens”, declarou o ministro. “Uma vez que percebeu que a contagem dos votos estava dando outro resultado, (o órgão eleitoral) resolveu interromper a das atas, para não causar confusão, e não explicou isso direito. Mas foi um erro, porque está dando espaço à oposição para dizer que houve uma fraude”, reconheceu.

A incerteza provocou temores entre observadores e diplomatas sobre possíveis manipulações dos votos para evitar um segundo turno e provocou inquietação sobre o que poderia ocorrer no país, enquanto Chile e Equador enfrentam violência nas ruas.

A divulgação da resultados preliminares foi interrompida no domingo quando anunciava 83,76% dos votos computados, com 45,28% para Evo Morales, do Movimiento Al Socialismo (MAS), e 38,16% para Carlos Mesa, do Comunidad Ciudadana (CC).

Essa ação levou o monitor oficial, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a exigir saber a razão disso. “É crucial que esse processo seja realizado de forma rápida e transparente”, disse a OEA nesta segunda-feira, à medida que os temores de uma agitação aumentaram e Mesa disse que estava indo para a cidade industrial de Santa Cruz para apoiar grupos que se mobilizam para exigir o segundo turno da votação.

Brasil, Argentina e Estados Unidos também expressaram preocupação com a interrupção da divulgação oficial de resultados.

“As autoridades eleitorais devem restabelecer imediatamente a credibilidade e a transparência do processo, para que a vontade do povo boliviano seja respeitada”, disse Michael Kozak, secretário de Estado assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, no Twitter.

Aumentando a confusão, o jornal oficial “Cambio” divulgou nesta segunda-feira uma manchete de primeira página dizendo que Morales havia vencido, assegurando seu quarto mandato consecutivo.