‘Estou dilacerada’, diz mãe que tentou salvar a filha que morreu afogada

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A alegria e determinação foram as marcas deixadas por Pamela Darlan Camargo Sousa, de 20 anos. A garota de sorriso fácil e de grandes amigos morreu após se afogar em um rio, na cidade de Chapadão do Céu (GO). A mãe, Katiucia Pereira Camargo, que viu três filhos se afogarem nesse dia, falou dos últimos momentos com a filha. “Quando percebi que estavam se afogando, peguei um pau e joguei”, lembra.

Em entrevista ao Campo Grande News, a cozinheira contou que a viagem foi planejada por dois meses após mãe e filha descobrirem que tirariam férias no mesmo mês. “Nós estávamos visitando meu filho que mora no Goiás, uma viagem planejada há dois meses, ela falou que iria tirar férias em setembro e eu também saía de férias nesse mês”.

A família moradora em Campo Grande chegou em Chapadão do Céu na segunda-feira, dia 20. Na quarta-feira, dia 22, foram ao rio que fica a 14km da cidade. “Você já viu alguém ir para o rio maquiada? Ela foi. Também estava de biquíni novo, alegre e satisfeita”, lembra.

Ao seguirem, o irmão mais velho explicou que elas desceriam um barranco. “Meu filho falou que tínhamos que descer um barranco, descemos com todo cuidado. Lá embaixo tinha uma areia branca, que parecia uma prainha”, descreve.

Já próximo ao rio, Katiucia conta que foi passar repelente no neto, um bebê de um mês, quando viu Pamela passando. “Ela passou por mim parecendo uma bala, toda emperiquitada, enrolada na canga. Só escutei o barulho dela entrando no rio e minha filha sumiu. De repente, minha nora falou ‘sogra eles estão se afogando’, foi aí que vi meu filho dando sinal com os braços”, diz.

Ao ver os três filhos se afogando, ela tentou ajudar. “Quando eu entendi que eles estavam se afogando, peguei um pau e joguei para a Laura. Então, vi o Matheus subindo e descendo na água e a Pamela de costas. O jeito que ela se jogou na água ela ficou”, explica a mãe.

Pamela foi localizada depois de aproximadamente dez minutos e ainda tinha pulso. “Tentaram reanimar e nada. Ainda tinha pulso, mas a cabeça não respondia”, disse. A mãe não acredita que a filha tenha se afogado. “Não foi afogamento, depois que tiraram, ela estava roxa, orelhas, boca. A pulseira e gargantilha, quando tirei, ficou a marca. Acho que foi congestão ou infarto”.

Pamela completou 20 anos no último dia 3 de setembro, a terceira filha de cinco irmãos. A jovem trabalhava em uma lotérica e havia começado como jovem aprendiz na Caixa. “Jogava na loteria todo dia, queria ser rica”.

A mãe, ainda sem acreditar, descreve com os mínimos detalhes, a filha “espontânea, alegre e trabalhadora”. Katiucia acompanhava os sonhos da filha, que queria fazer faculdade de nutrição. “Estou dilacerada”, completa.

Velório – Durante a despedida na manhã desta sexta-feira (24), amigos e familiares homenagearam Pamela ao som da canção “como é grande o meu amor por você”. Os amigos contaram que o jeito extrovertido e a maneira com que levava a vida, chamava atenção.

“Sempre maquiada, educada, extrovertida, meiga, simpática, chegava lá em casa falando ‘oi, tia’. Tinha ela como uma filha, era muito carinhosa comigo”, lamenta a costureira Conceição Lima, de 52 anos.

Conceição é mãe de um dos amigos de Pamela. “Se conheceram quando faziam curso de menor aprendiz juntos. Eles se reuniam sempre na minha casa, saíam juntos”, conta.

O amigo, auxiliar administrativo Kayque Alexandre Lima Castro, de 18 anos, conheceu Pamela em 2018. Eles também fizeram curso juntos. “Ficamos bem amigos, saíamos direto. Na saída do curso, sempre ia na Praça do Peixe, tomava sorvete na Bom Pastor e fazia aula de Zumba na Praça, era muito divertido”.

Kayque descreve Pamela como uma menina alegre, de pulso firme. “Não era fácil de convencer, ela era sincera demais e eu adorava isso nela. Amiga que não passava pano. Se fizesse algo errado, ela falava na nossa cara. Fazia amizade muito rápido, mas quando não gostava, se esquivava. Bondosa demais, amava plantas e onde passava queria uma mudinha”, brinca.

Com a voz embargada, Kayque revela que ficou devendo um passeio para a amiga. “Fiquei devendo um passeio para a minha amiga. A alegria dela vai fazer muita falta, eu sempre podia contar com ela”.

A auxiliar de secretária, Evelin Cristina Camargos Oliveira, de 20 anos, também fez curso com Pamela. “Sempre parceira, uma menina de luz, nunca estava para baixo. Também era bem madura, sempre aconselhava a gente.  Eu gostava de tudo nela e sempre será a minha maior lembrança”, finaliza.

Pamella, em uma das fotos no Facebook. (Foto: Divulgação / Facebook)