Agronegócio divulga manifesto pela democracia após recuo da Fiesp

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Sete entidades do setor agroindustrial divulgaram nesta 2ª feira (30.ago) um manifesto em que se dizem preocupadas com “os atuais desafios à harmonia político-institucional” e defendem o Estado Democrático de Direito, citando expressões como “aventuras radicais”, “rupturas institucionais” e “crises evitáveis”.

Em tom forte, as entidades pedem “que as nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil e de sua História”. “As amplas cadeias produtivas e setores econômicos que representamos precisam de estabilidade, de segurança jurídica, de harmonia, enfim, para poder trabalhar. Em uma palavra, é de liberdade que precisamos — para empreender, gerar e compartilhar riqueza, para contratar e comercializar, no Brasil e no exterior. É o Estado Democrático de Direito que nos assegura essa liberdade empreendedora essencial numa economia capitalista, o que é o inverso de aventuras radicais”, afirmam.

O grupo ainda ressalta o impacto negativo das crises na imagem do país no exterior — o que dificulta o comércio internacional: “Somos uma das maiores economias do planeta, um dos países mais importantes do mundo, sob qualquer aspecto, e não nos podemos apresentar à comunidade das Nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais. O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter”.

O manifesto é assinado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), CropLife Brasil, Indústria Brasileira de Árvores (Iba) e Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

Outro manifesto

O documento foi divulgado depois de a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) adiar a publicação de um outro manifesto, que seria assinado por representantes de diversos setores, incluindo o agronegócio.

A Fiesp alegou que recebeu mais de 200 adesões ao manifesto em 24 horas e que, dado o volume de novos interessados, decidiu estender o prazo para novas adesões para “ao longo da semana”. Mas o recuo teria acontecido depois de uma suposta pressão do governo federal para que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil deixassem a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que seria uma das signatárias do documento.

Na manhã desta 2ª feira (30.ago), o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o manifesto era em defesa da democracia, mas que “alguém da Febraban” teria alterado o documento para um “ataque ao governo”, o que, segundo ele, teria provocado o recuo da Fiesp. Em nota, a Febraban disse que o manifesto A Praça é dos Três Poderes foi elaborado em conjunto e que a entidade não participou da criação da versão do texto com “ataques ao governo”.