Veterinária explica como lidar com serpentes e diz que carne humana não atrai cobras

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Muitas pessoas têm horror de cobras e defendem a morte de serpentes, por medo de levar uma picada. Mas a médica Veterinária Rayana Diniz Rodrigues, 25 anos, garante que essa bagagem cultural negativa sobre os répteis deve ser desconstruída.

Rayana atuou no projeto Jiboia, no município de Bonito, que possui mais de 50 espécies. Ela lembra que o ser humano deve evitar invadir o espaço das serpentes.

“O dono do projeto, Henrique Naufal, me fez uma proposta de trabalho, com urgência. Eu mudei para a cidade e foi assim que começou o primeiro passo para um sonho. Apesar de na faculdade aprender muito pouco sobre serpentes, tive a sorte de ter as explicações dele, que com toda sua experiência de vida me passou muito conhecimento e prática. Ao avistar uma serpente, devemos apenas nos afastar, evitar um encontro. Elas só atacam um ser humano quando não conseguem evitar esse encontro, gerando assim um confronto. Por puro mecanismo de defesa, para esses animais não somos vistos como presas e sim como predadores muito mais fortes que eles. Então não existe um motivo para elas nos atacarem se tiver como evitar o encontro, pois sabem que vão perder”, explica a veterinária.

Segundo Rayana, quem se dispõe a assistir uma palestra no projeto, consegue entender que as serpentes só querem sobreviver na natureza.

A profissional deixa claro que a carne humana não chama atenção das cobras.

“Ali podemos obter muitas informações sobre essa espécie, que muitas vezes até sabemos, mas não paramos para pensar e analisar. Por exemplo, durante nossa criação, 90% dos assuntos que escutamos sobre serpentes é negativo, coisas do mal. No ensino fundamental, a professora ainda não explicou o que é uma serpente, mas na quadrilha já escutamos que devemos correr quando a cobra aparece e ficar feliz depois que matou. Na religião, ela é a representação do pecado original, entre outros milhares de bagagem cultural negativa. Nossa carne para elas seria como uma carne de terceira. Elas não sentem nenhum tipo de apetite com nosso cheiro. Carne de primeira para cobra são os roedores.”, diz Rayana.

A médica destaca, ainda, que existem pessoas que acreditam que serpentes são capazes de hipnotizar humanos.

“Temos os mitos, onde acreditam que uma serpente é capaz de hipnotizar uma mulher que esteja amamentando para mamar em seus seios enquanto coloca a ponta da cauda na boca da criança para que ela não chore e, assim, não acorde a mulher da hipnose. E, sim, existem pessoas que acreditam fielmente nisso e quando veem uma cobra, o que resta para o animal? Enxadada”, diz a médica.

Conforme a veterinária, cobras sequer “possuem cheiro, textura melosa, gosmenta ou molhada”.

“Se fosse assim, elas viveriam com folhas e terra grudadas por rastejar em tudo. É algo totalmente diferente daquilo que todos vocês pensam.  E, para ter uma experiência perfeita, baseada em todas essas informações, temos o projeto, que oferece uma palestra super divertida, com os princípios básicos de educação ambiental, que nada mais é que uma boa explicação de base correta e a experiência de contato com o animal”.

Tem perigo sim

A médica ressalta, no entanto, que as serpentes são perigosas, mas só atacam quando se sentem ameaçadas.

“Serpentes na natureza são sim animais perigosos. Ela vai fazer algo para continuar sobrevivendo, então evitar o contato muito próximo para não atingir a zona de conforto do animal, prestar muita atenção por onde anda é mecanismos de prevenção. É importante usar botas de borracha, calça e luva nas mãos dependendo da atividade que vai fazer. Existem espécies de serpentes que gostam de ficar embaixo de folhas secas. A prevenção sempre será a melhor coisa, até porque, na maioria das vezes, nós é que entramos no habitat delas. Lembrando que, quando isso acontece, é porque a casa delas está em desequilíbrio e a culpa é sempre nossa”, finaliza a veterinária.