Secretário diz que policiais foram recebidos a tiros e reforça segurança em área de confronto

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O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, disse na tarde desta sexta-feira (24/6) que policiais militares do Batalhão de Choque foram recebidos a tiros no momento que atendiam ocorrência em propriedade rural no município de Amambai.

Na ação, três deles tiveram ferimentos leves e outras seis pessoas entre indígenas e paraguaios que vivem nas imediações também saíram lesionados. A informação inicial da possibilidade de duas mortes na região não foi confirmada.

De acordo com Videira, o problema ocorrido em Amambai não está relacionado a conflito por terra entre moradores da reserva local e produtores rurais. Ele é provocado por pessoas que deixaram as roças de maconha no país vizinho e tentam destituir lideranças da região para comandar o espaço.

A tensão teria começado na noite de ontem (23/6), quando o grupo entrou na área ameaçando os moradores de uma propriedade.

“A Polícia Militar foi acionada para atender ocorrência grave de crimes contra patrimônio e contra a vida, a exemplo do que fazemos em qualquer local (…) fomos atender uma ocorrência grave de crime com risco de morte, tanto que nossos policiais foram recebidos a tiros. Era uma residência, o gerente [da fazenda] habita com a família e foi expulso com disparos de armas de fogo. Muitos gritavam, atiravam, criavam clima de terror dentro, praticando roubos e expulsando as pessoas. Nesses casos específicos, quem atua é a polícia local, porém, como se tratava de uma área muito próxima da aldeia, existe uma atenção especial e optamos em levar o Choque”, disse em entrevista coletiva na Sejusp.

Aproximadamente 100 policiais militares estão na área segundo Videira e um helicóptero realiza sobrevoos. A Polícia Federal também confirmou a presença de equipes da delegacia de Ponta Porã para acompanhar a situação.

Briga política

No entender do secretário, a reserva de Amambai é um local pacífico e o aumento da violência no local teve início praticamente por uma briga política de indígenas considerados ‘desaldeados’ que vem de outras regiões para tentar tomar o poder das lideranças ali consolidadas.

Videira também afirmou que os próprios líderes haviam reclamado da situação.

“Essas pessoas que atuam nas roças de maconha no Paraguai vieram para aldeia tentando tomar a liderança. Eles [as lideranças] pediram apoio da segurança pública. Disponibilizamos capacitação aos indígenas para a criação de um conselho de segurança. Temos viaturas prontas a serem doadas, como foi feito em Caarapó e Dourados”, comentou.

“Dentro da aldeia, lideranças já haviam reclamando de algumas pessoas que não são dali e estariam espalhando violência contra os indígenas, nunca tivemos problema em Amambai, é um local pacífico, que cresceu após eleição acirrada pela ‘liderança’ [da região”, argumentou o secretário Antônio Carlos Videira.

O Cimi

Nesta tarde, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) se pronunciou sobre o ocorrido através de nota distribuída à imprensa.

O Conselho diz temer que um novo confronto envolvendo policiais, indígenas e fazendeiros ocorra nas próximas horas na região.

Desde a noite de ontem (23/6) o clima era de tensão no local pelo fato dos guaranis kaiowá ocuparem área que alegam ser parte do território Guapoy. A informação do Cimi contraria a afirmação do secretário.

A reserva de Amambai é a segunda maior do estado de Mato Grosso do Sul em termos populacionais, com quase 10 mil indígenas, ficando atrás apenas de Dourados, onde estima-se mais de 13 mil.