Jogo ensaiado: o primeiro debate, no Rio, teve desempenhos bem treinados e alguns poucos ataques

0

O governador Cláudio Castro (PL) precisou responder, já na primeira pergunta no debate, sobre o escândalo que dominou o noticiário no estado nos últimos dias. Era esperado que a folha de pagamento secreta do Centro de Estudos e Pesquisas do Estado (Ceperj) fosse um trunfo para os adversários. E o principal deles, Marcelo Freixo (PSB), não deixou passar a oportunidade. Castro tropeçou na resposta, e a afirmação ”fantasmas não vão ao banco sacar dinheiro” sacudiu as redes sociais.

Na liderança nas pesquisas de intenção de voto, e em seu primeiro debate numa eleição para um cargo majoritário, Castro conseguiu, porém, manter o tom conciliador na maioria das vezes e devolver a bola em boa parte dos questionamentos. Já deu para perceber que vai buscar a imagem de “homem do diálogo” nesta campanha — em oposição a Freixo.

Também realçou muito a vivência na administração pública ( “amanhã uns vão para a internet, eu vou trabalhar por este estado”). Como todo candidato à reeleição, listou realizações — alavancadas, claro, pelo dinheiro da privatização da Cedae. Em nenhum momento citou o seu candidato a presidente, Jair Bolsonaro.

Já Freixo mostrou o esforço para mostrar que é um candidato mais moderado que nas eleições anteriores. Tanto que abriu logo falando para os policiais civis. Procurou a emoção e a solidariedade do eleitor ao registrar, mais de uma vez, o assassinato do irmão Renato Ribeiro Freixo, em 2006, em Niterói. Citou Cesar Maia, tanto para marcar a sua mudança mais para o centro, como para citar a experiência administrativa que o ex-prefeito do Rio agrega à sua chapa. Não escondeu, mas enfatizou o nome do seu candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. E foi o único a colar Bolsonaro ao governador.

Além de Castro, Freixo teve que enfrentar Rodrigo Neves (PDT) nos seus calcanhares. O pedetista mirou no segundo colocado nas pesquisas, mais do que no governador. Enfatizou sua experiência administrativa, tanto no comando de Niterói quanto na parceria com Eduardo Paes, o prefeito do Rio — até para assinalar suas diferenças com Freixo, que nunca exerceu cargo algum no Executivo.

Ganime foi quem primeiro atacou o deputado do PSB na questão de segurança — um clássico. Freixo devolveu, lembrando as votações do Partido Novo a favor de temas mais próximos do bolsonarismo, na Amazônia. Ganime, também um estreante, não poupou ninguém — embora tenha feito uma inusitada dobradinha com Neves contra Freixo. Com pouquíssimas chances reais na disputa, foi o franco atirador do debate.