Conflito em ocupação resultou em adolescentes atingidos no abdômen, policiais baleados e indígena morto

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Conflito em ocupação resultou em adolescentes atingidos no abdômen, policiais baleados e indígena morto
Jovem indígena de 14 anos atingida por disparo de arma de fogo (reprodução)

Além da morte de um indígena Guarani Kaiowá de aproximadamente 25 anos e três policiais baleados, dois adolescentes indígenas, sendo um menino de 13 anos e uma jovem de 14, foram atingidos por disparos de arma de fogo na região do abdômen e tiveram  de vísceras. Ao todo são 11 vítimas, entre eles indígenas e policiais militares.

O caso aconteceu durante conflito com os policiais durante ocupação de uma fazenda em local conhecido como “Sertaozinho”, nas margens da MS-156, em Amambai, cidade a 351 quilômetros de Campo Grande, durante a tarde desta sexta-feira (24). A região é chamada de Guapoy pelos indígenas.

Os dois jovens foram levados conscientes para atendimento no  de Ponta Porã, de acordo com o médico ortopedista Edinaldo Luiz de Melo Bandeira, que também é prefeito da cidade.

O indígena que veio a óbito não portava documentos. Ele morreu atingido por três disparos, sendo dois na lateral do tórax e um no quadril.

Além dos adolescentes, uma mulher indígena, foi atendida com ferimento no joelho, causado por arma de fogo. Ela foi atendida e liberada.

Outra mulher adulta, indígena, foi atendida com um ferimento de corte contuso na cabeça e perfuração de projétil de arma de fogo, que transfixou, na região da coxa. Ela encontra-se internada no Hospital Regional de Ponta Porã.

Um jovem adulto, também indígena, foi atendido com fratura em uma das mãos, também causado por tiro. Ele também foi atendido e liberado.

Outro homem adulto, indígena, foi medicado devido a um ferimento de arma de fogo na altura do bíceps e já foi atendido e liberado.

Outro adulto homem, indígena, sofreu fratura exposta de fêmur, ferimento causado por arma de fogo. Consciente e orientado, foi levado ao Hospital Regional de Ponta Porã.

Policiais feridos

Três policiais militares foram feridos por disparos de arma de fogo. Todos foram atendidos no Hospital Regional da Cidade e, nenhum deles corre risco de morte.

Segundo o hospital, um dos policiais foi atingido no quadril e coxa. Outro policial sofreu ferimento no pé e o terceiro na perna. Após serem atendidos, os três foram trazidos de helicóptero para Campo Grande.

Situação

Informação é a de que, após serem expulsos, indígenas ainda estão na região e aproximadamente 100 policiais estão no local, entre eles a Polícia Federal. De acordo com o Cimi (Conselho Indiginista Missionário), após a ocupação, indígenas dos povos Guarani Kaiowá foram atacados e expulsos, sem ordem judicial, por fazendeiros e policiais militares do território, chamado de Guapoy pelos índios. Informação é de que os policiais entraram no local efetuando disparos de balas de borracha.

Já o secretário Antônio Carlos Videira, da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) disse que entre os indígenas também há estrangeiros, possivelmente paraguaios. Isso, porque eles vêm ao país vizinhos tentar cooptar indígenas como mão de obra barata para a colheita de maconha.

A suspeita é de que sejam estes os homens armados que acabaram entrando em confronto com os policiais do Batalhão de Choque nesta sexta. O grupo de aproximadamente 30 pessoas, entre indígenas e estes estrangeiros, teriam ocupado a fazenda na quinta-feira (23). Inicialmente, policiais foram ao local e eles saíram, mas depois retornaram.

Gerente da fazenda chegou a registrar boletim de ocorrência, relatando que quando o grupo voltou, estava armado e atirando. Na coletiva, Videira pontuou que tiros foram feitos inclusive contra o helicóptero da Casa Militar, que sobrevoa a região. A aeronave também levou reforço de policiais do Choque ao local.

A reserva de Amambai é a segunda maior do estado de Mato Grosso do Sul em termos populacionais, com aproximadamente 10 mil indígenas.

O Conselho informa que teme que a situação evolua rapidamente para um novo episódio de massacre contra os Guarani Kaiowá, como o ocorrido em 2016, em Caarapó.

Para os Guarani Kaiowá, Guapoy é parte de um território tradicional que lhes foi roubado – quando houve a subtração de parte da reserva de Amambai. Os indígenas clamam atenção, exigem proteção às suas vidas e seus direitos.

O Cimi informa que pede o envolvimento de órgãos federais, além do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), a fim de controlar a situação e investigar os episódios.

Indígena ferido em confronto com a polícia não resiste e morre antes de chegar ao hospital
Policiais no hospital de Amambai – Foto: Leitor Midiamax
Foi confirmado óbito de um indígena nesta sexta-feira (24), após confronto entre policiais e indígenas na região de Amambai, a 352 quilômetros de Campo Grande. Ferido, ele já teria chegado ao Hospital Regional da cidade sem vida.

O fato foi relatado pelo prefeito de Amambai, Edinaldo Bandeira (PSDB). Segundo ele, o homem sofreu ferimento no abdômen. Médico, o prefeito acompanha o atendimento no hospital. Ainda de acordo com ele, 11 pessoas entre policiais e indígenas ficaram feridos durante um confronto. O indígena que faleceu ainda não foi identificado.

Um novo conflito teria sido registrado na tarde desta sexta. Em entrevista coletiva, o secretário Antônio Carlos Videira, da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) ressaltou que entre os indígenas também há estrangeiros, possivelmente paraguaios. Isso, porque eles vêm ao país vizinhos tentar cooptar indígenas como mão de obra barata para a colheita de maconha.

A suspeita é de que sejam estes os homens armados que acabaram entrando em confronto com os policiais do Batalhão de Choque nesta sexta. O grupo de aproximadamente 30 pessoas, entre indígenas e estes estrangeiros, teriam ocupado a fazenda na quinta-feira (23). Inicialmente, policiais foram ao local e eles saíram, mas depois retornaram.

Gerente da fazenda chegou a registrar boletim de ocorrência, relatando que quando o grupo voltou, estava armado e atirando. Na coletiva, Videira pontuou que tiros foram feitos inclusive contra o helicóptero da Casa Militar, que sobrevoa a região. A aeronave também levou reforço de policiais do Choque ao local.

No momento, estão na área aproximadamente 100 policiais, entre eles equipes da Polícia Federal de Ponta Porã. A PF ressaltou que compete aos agentes federais apenas “garantir a integridade de comunidades indígenas, quando essas se encontrarem em risco”. O secretário da Sejusp ainda ressaltou que a aldeia de Amambai é considerada pacífica.

Policiais e indígenas feridos
Foi confirmada a informação de que três policiais do Choque foram feridos a tiros, que atingiram regiões dos braços e pernas, sem maior gravidade. Eles foram socorridos pelos colegas e levados ao hospital de Amambai. Já do outro lado, 8 pessoas ficaram feridas, mas não há confirmação se todas seriam indígenas.

Destas, duas, em estado mais grave, foram transferidas ao hospital de Ponta Porã. O novo conflito registrado nesta tarde não teve feridos, mas o clima no local ainda é tenso. Videira ressaltou que não se trata de um caso de reintegração de posse, mas sim ação de combate aos crimes contra patrimônio e também contra a vida.

Isso, porque na ocupação também teriam ocorrido ameaças e furtos, o que será apurado. O mesmo também ocorreu na noite de quinta-feira em Naviraí, ao sul do Estado. O secretário pontuou que a viatura da Polícia Militar que chegou ao local, após indígenas tomarem a sede da fazenda, foi recebida com flechas e lanças. O material foi apreendido e o veículo chegou a ser danificado.

Os policiais chegaram até a sede da fazenda, quando o grupo então saiu do local. Os proprietários ainda tentam identificar o que foi levado da fazenda e será feita apuração do crime de furto ou roubo.